Por: Mateus S. Saraiva
Os jovens em busca dos amores da adolescência as vezes podem encontrar o amor, de uma maneira nunca experimentada pelos mortais, e foi isso que o jovem Lúcio sentiu...
Lúcio vinha de uma família de classe média baixa, morador de uma cidade do interior, ao meio de um vale, local aonde velhas fazendas e casarões antigos ainda se mantêm imponentes de pé exuberantes em sua beleza barroca. Há pouco tempo começara a namorar uma garota bem branca de cabelos pretos e olhos castanhos claros, que conhecera enquanto fazia sua caminhada e passeios próximos à zona rural.
Um dia quando namoravam e já era tarde, o seu pai apareceu para busca-la, ele estranhou o homem grande de pele negra, e olhos azuis, exótico, não tinha nada haver com a filha, conversando pouco, o homem rude o convidou para ir na casa dele, uma fazenda da zona rural, jantar lá na noite do dia seguinte, já que era namorado da sua filha. Ao chegar em casa, ele contou para seu avô que na juventude havia sido um galã mulherengo, e adorava ouvir as proezas do neto com as mulheres. Sempre contava muitas historias, depois da descrição do pai da moça. O avô de Lúcio lembrou-se de uma historia que ouvira ainda criança, e já havia se perdido no tempo, uma historia assustadora que acontecerá por aquelas bandas. E então o velho começou a contar.
- Ainda na época dos escravos e senhores, no final dela, quando já estava sendo proibido o comercio de escravos, um ancestral nosso havia adquirido no litoral sudeste uma leva de nove escravos, esses eram diferentes, tinham olhos claros como o azul do céu, e falavam uma língua diferente dos outros, comprados por um preço bem abaixo do padrão sem nem mesmo precisar pechinchar, o coronel nem quis saber o porque disto. Eles não eram rebeldes, mas seu olhar profundo fazia até um cão de guarda sentir-se incomodado. Não davam trabalho a não ser por certas bizarras ocasiões aonde foram pegos em estranho rituais religiosos em noites de lua negra, onde todos os cães, e animais ficavam alvoroçados e amedrontados, fazendo muito barulho, mas logo parava, chegando a levarem varias chibatadas por isso, quais pareciam mais como cócegas para estes homens, como se não sentissem nada.
- Uma noite na fazenda, podia se ver a lua diferente como cheia, mas ela estava vermelha, como se do seu pálido brilho sangrasse em totalidade. O Coronel fora alguns empregados tinha a mulher e quatro filhos, um deles o mais velho de 19 anos, havia ido estudar em Londres pouco antes da compra dos exóticos escravos de pele negra e olhos azuis cristalinos. Os outros filhos, era uma menininha que nascera no mesmo dia da chegada dos escravos, outra garota de 13 anos, e mais um jovem de 16. Nesta lua de sangue o Coronel foi acompanhado de seu filho para um bar tratar de negócios, lá encontrou o capitão Elias, na verdade um traficante de escravos, com o qual fazia negócios. E o capitão mencionou da sua viagem até o oriente, onde ficou três anos sem retornar ao Brasil.
- O Coronel riu pensando que se tratasse de uma brincadeira afinal a menos de um ano tinha comprado aqueles nove escravos por preço de banana. Mas o capitão estava muito serio, não se tratava de uma brincadeira, afirmando isso, e claramente não compreendendo o que o seu amigo coronel insistia. Logo cansado das loucuras do coronel já que aquela situação seria impossível pelo fato dele estar no oriente, o capitão se encher eu foi conversar com outros da cidade. Confuso por aquilo, pois sabia que o capitão não era de brincadeira e nem estava bêbado, deixou sua bebida pela metade e o filho no bar e saiu disparado montando no seu cavalo e indo a galope pra sua fazenda.
- Logo a meia noite, o coronel retornava de casa, coberto de sangue, e com uma cara de desespero e olhos vazios, lágrimas escorriam de seus olhos, em sua mão segurava um facão. Seu filho assustado correu para ele, e num só golpe sue pai o decapitou sem que ninguém pudesse fazer nada. Suas ações eram esquizofrênicas e impulsivas, parando em tremeliques, dignos de um louco psicótico. Caiu tremendo no chão olhando pro nada.
- E isso ainda foi normal perto do que ele disse na prisão, e o que os policiais virão depois na fazenda. E o que ele disse foi o seguinte: “Ao chegar perto da fazenda escutava gritos como se misturasse prazer e dor, pude reconhecer que era a voz da minha mulher, corri, mas logo percebi a ausência de animais e peões, o chão estava fofo como se tivesse chovido mas não pude ver o que era, me armei do facão que estava em minha cintura, quanto mais perto da casa chegava, mais um cheiro nauseante sentia. Quando me aproximei mais que havia luz do lampião, percebi que tudo estava coberto de sangue como se tivesse chovido sangue. Corri para o quarto do andar do andar superior da casa na fazenda, eu não podia acreditar no que vi...”
- Num suspiro desesperador ele falou histérico, “Minha mulher e minha pequena filha estavam transando com uma gigantesca massa disforme de carne podre e escura cheia de chagas e furúnculos fétidos, e coisas que pareciam tentáculos, cheia de pedaços de outras criaturas se mesclando a ela, com 18 grandes olhos azuis espalhados por toda aquela coisa, que ocupava todo aquele cômodo de cinco metros quadrados, a ponto do corpo das duas parecer se mesclar com a criatura abominável! O pior, é que as duas, a minha família! Estavam aos gemidos, pareciam gostar de ter prazer com aquela coisa monstruosa! E minha mulher parando de gemer e gritar, virou e falou para mim que agora sabia como é ser traído como fiz e algumas atrocidades a mais que cometi e outras que variam um homem se sentir um verme, minha filha se aproximando aos gemidos, entortado a coluna como se não houvesse ossos ali, disse pra mim, - Viu pai não é só você que faz isso comigo e este deus de carne faz bem mais gostoso. - e não paravam de dizer aquelas abominações. Então cortem suas cabeças fora do corpo que as ligavam aquela monstruosidade, mas elas continuaram, falando, e falando, e falando....”
- Rindo enlouquecidamente e chorando o Coronel finalizou “Então desferi golpes nas cabeças falantes da minha mulher e filha, e naquela criatura, porém foi em vão, fui tacado longe, onde acabei caindo das escadas, e ao me levantar atordoado voltei lá, mas não havia nada, só sangue, e sangue, e a última coisa que ouvi foi o choro de minha filhinha, que nascera a menos de um ano. Então ao retornar ao bar tive certeza que aquele também não deveria ser mais meu filho, e sim parte daquela criatura que destruiu minha vida e também tinha de acabar com ela.”
- O Delegado logo em seguida com raiva mandou que o prendessem imediatamente e dessem uma lição, depois de ouvir estas desculpas pelas atrocidades do Coronel louco cometeu, e qual ele mesmo se condenou. Não demorou muito para que os policiais que haviam ido investigar chegassem, e informaram que lá não havia anda, absolutamente nada, nenhum animal, ninguém, nem sangue, nenhuma criatura viva ou morta, a não ser objetos quebrados e danos na estrutura da casa. Esse caso nunca foi resolvido, ainda mais que o coronel na noite seguinte, desapareceu da cela trancada da prisão sem vestígio algum, a não ser pelo sangue espalhado nela toda. O filho mais velho do coronel que foi nosso parente foi quem contou-me essa historia, e quando voltou não quis saber daquela fazenda amaldiçoada e a vendeu. Inclusive você se parece muito com ele meu neto.
Lúcio fingiu que a historia fosse uma baboseira e nada mais, até deu uma falsa risada para seu avô, pensando que o mesmo estava tentando botar medo nele, e tinha conseguido mesmo. Depois de se despedir do avô quando foi dormir, Lúcio teve os mais terríveis pesadelos, dormiu até tarde no outro dia. O resto do tempo passou se arrumando e para ficar bem bonito, e logo antes do crepúsculo se dirigiu para fazenda da família da namorada.
Ao chegar lá, ele até estremeceu, o casarão da fazenda era como o que seu avô descreveu, porem as plantas e o mato lá não era cuidado a décadas pelo tamanho, algo estranho. Mas tudo bem, foi só uma história para lhe botar medo, Lúcio pensou, nada demais, imagine só. Sua jovem namorada já o esperava na porta e o recepcionou vestindo roupas de época, e estava muito bonita e maquiada. Ela o surpreendeu dizendo que seu pai havia saído para uma urgência e não havia ninguém em casa, de certo modo Lúcio ficou feliz, afinal era um jovem homem, nem tinha seus 20 anos ainda, dá para se imaginar o que passou por usa cabeça.
O casarão por dentro era muito velho e rústico, os moveis pareciam ser centenários. Na sala de jantar a mesa estava arrumada e tinha uma ágape deliciosa. Ambos comeram. E depois da ceia, na tranqüilidade da noite não demorou para jovem moça se insinuar e convidar o namorada para subir ao seu quarto no andar superior. Deitaram os dois na cama e começaram a namorar, Lúcio a despiu e começou a beijar, em meio aquele volupioso e sensual momento, vislumbrado ao corpo perfeito daquela garota, percebeu que os gemidos dela começaram a se distorcer e ela falou com voz ofegante.
- Meu amado irmão, estávamos com saudades de você, você não estava aqui para ir com agente viver eternamente no corpo do deus da carne. Eu ainda era um bebe mais o grande deus cuidou de mim.
Lúcio levantou assustado, mas seu membro já estava dentro da namorada e a garota ainda gravou suas unhas nas suas costas e o segurou com uma força anormal, e apavorado ele viu os olhos da garota antes castanhos claro agora azuis cristalinos e vislumbrou a terrível visão de logo acima dos seios da moça, perto do ombro crescer dois tumores, que logo tomaram a forma de cabeças femininas. Umas era mais velha a outra mais nova, ambas com os terríveis olhos azuis. E a mais velha disse “- Meu filho saudades.”, a mais nova “- Você viu minha mãe ele nasceu novamente para ficar conosco. E as três cabeças naquele corpo começaram a rir e gemer.
Num golpe ele conseguiu se soltar, mas seus órgão genitais foram rasgados por ferrões nas partes daquela criatura bizarra que a pouco enamorara, coito e sangrando saiu desesperado, e caiu nas escadas, batendo nos pés daquele que seu avô descreveu como o coronel, mas que estava também com os olhos azuis. A dor era intensa e tudo aquele o fez apagar.
Logo em seguida acordou em sua cama aliviado daquele pesadelo, num suspiro, ainda estava uma penumbra quando acendeu a luz, e num reflexo, de um copo de metal polido na cabeceira de sua cama, viu seus olhos antes castanhos, agora azuis. Num grito desesperador olhou pra baixo e viu que só tinha metade do seu corpo, a outra metade estava grudada aquela criatura vil e inominável de carne pútrida, aos berros enlouquecidos, viu as duas garotas, a mulher, o coronel, o jovem garoto filho do coronel, seu avô, seu pai e sua mãe, ou melhor só suas cabeças grudadas aquela coisa sorrindo para ele com seus olhos azuis. Os 18 olhos azuis cristalinos do deus de carne se fecharam e sem mais alma Lúcio sabia seu nome: Anxibaynzib.
segunda-feira, 1 de março de 2010
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Muito bom o conto!
ResponderExcluirBizzaro esse, hein?
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